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Goiás registrou mais de 400 incêndios no fim de semana

O número de queimadas registradas apenas no sábado (7) e domingo (8) supera a quantidade registrada em todo o mês de setembro do ano passado.

O Comitê Estadual de Gestão de Incêndios Florestais em Goiás registrou no fim de semana 467 focos de incêndio em todo o estado. O número já supera todo o registro de setembro de 2023. Durante os dois dias, um pessoa morreu, duas ficaram feridas e três foram presas por causar queimadas. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (9).

De janeiro até setembro, a soma já chega a 8.623 queimadas e supera o ano passado, quando houve 2.029 incêndio em vegetação. Os casos, além de prejuízos ambientais e agropecuários, causaram mortes. No sábado (7), uma mulher moradora de Portelândia morreu. Outras duas pessoas ficaram feridas. No final de agosto, um trabalhador morreu em decorrência dos incêndios.

O monitoramento dos focos de incêndio é feito em tempo real no Comando de Operações de Defesa Civil (Codec), em Goiânia. No local, dois paineis mostram a situação a partir de um mapa do estado e os indícios. Nesta segunda-feira, chamou a atenção a proporção de área queimada no município de Jataí. “A extensão é superior a região urbana da cidade”, comparou o comandante de Operações de Defesa Civil do CBM-GO, coronel Pedro Carlos Borges de Lira.

Mortes

Apenas no feriado da Independência do Brasil (7), o Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer três vítimas em decorrência de queimadas. Um dos casos mais graves ocorreu em Portelândia, onde uma mulher não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo Lira, ela teria colocado fogo em vegetação do quintal, mas as chamas saíram do controle e invadiram uma área de mata. O acidente ocorreu quando houve tentativa de conter o incêndio. Outras duas pessoas ficaram feridas.

“A gente recomenda a população que jamais utilize fogo para limpar lote e tocar fogo em lixo neste momento, porque esse fogo pode provocar incêndio”, alertou o comandante da Defesa Civil.

O primeiro óbito registrado foi de trabalhador de Serranópolis, no sudoeste do estado, em 24 de agosto. Na ocasião, três pessoas ficaram feridas durante incêndio em um canavial. A vítima foi identificada como Elenildo Pedro da Silva, de 37 anos.

Ele ressalta que o último final de semana foi atípico, uma vez que não se registrava quantidade tão elevada de incêndio. “Isso nos preocupa bastante. Nós estamos em um momento de estiagem no Estado de Goiás, no qual se tem muito vento, baixa umidade do ar e temperaturas elevadas. Isso tudo propicia os incêndios florestais”, disse.

Comandante da Defesa Civil do CBMGO, coronel Pedro Carlos Borges de Lira, aponta alta de casos de incêndios, Goiás — Foto: Nielton Santos/G1 Goiás

Comandante da Defesa Civil do CBMGO, coronel Pedro Carlos Borges de Lira, aponta alta de casos de incêndios, Goiás — Foto: Nielton Santos/G1 Goiás

Segundo Lira, os incêndios são intensificados nos finais de semana, com início às 10h, picos de alta ao meio-dia e diminuição às 18h. “Geralmente, é no momento que as pessoas estão em casa, estão tentando fazer a limpeza no quintal, na porta de sua casa, e acaba ateando fogo e provocando esses incêndios”, salienta Lira.

Durante o sábado (7), dia da Independência do Brasil, o Corpo de Bombeiros foi chamado para conter mais de 40 incêndios florestais e urbanos em diferentes cidades de Goiás. Um dos casos mais graves aconteceu em Portelândia, onde três pessoas ficaram gravemente feridas por chamas que avançaram com rapidez em uma área de palhada de milho. Mas, o dia também foi marcado por ações de repressão a incêndios criminosos, com a prisão de três suspeitos em cidades diferentes.

Além do monitoramento em tempo real, o comandante da Operação Cerrado Vivo do CBMGO, tenente coronel Warley Martins, explica que a força-tarefa é composta por 50 viaturas e mais de 200 bombeiros militares. “Neste final de semana, já prevendo a situação climática e prevendo a quantidade do aumento que poderia ter nas ocorrências, nós incrementamos mais 15 viaturas e mais 90 homens, então, temos aproximadamente 200 homens trabalhando e 65 viaturas ativas, durante este final de semana”, pontuou.

Embora os incêndios estejam pulverizados por todo o Estado, Martins destaca que há uma maior atenção para a Chapada dos Veadeiros, na região de Cavalcante de Goiás. “Ali, nós temos bombeiros desde o dia 15 de julho, 24h por dia, nesses dois locais, e juntamente com as brigadas de unidade de conservação, que são contratadas pela Semad. Estamos dando conta também de atender essas ocorrências”, garante. “Logicamente, se a demanda aumentar lá, se for preciso nós iremos aumentar o nosso efetivo”, acrescentou.

Lei mais severa

Na sexta-feira (6), o governo de Goiás sancionou a Lei Estadual nº 22.978/2024, que penaliza em até 10 anos de reclusão para quem for condenado por incêndios criminosos. Outras sanções, são as perdas de benefícios sociais estaduais de pessoas que ficaram provadas o manuseio de fogo em vegetação e aplicações de multas com valores multiplicados em até 3 vezes o valor normal.

Até o momento, o tenente coronel Marcelo Veloso disse que três pessoas foram presas em flagrante suspeitas de cometer incêndios florestais. “Muitos desses incêndios são causados, de certa forma, voluntariamente. Contudo, não com a intenção de causar danos ou prejuízo a alguém. São incêndios às vezes para queimar um lixo, o que não é recomendado”, frisa.

Para combater os incêndios florestais, o tenente comenta que a Polícia Militar tem atuado na forma de prevenção e ostensiva. “Nós efetuamos, neste final de semana, três prisões de indivíduos que estavam ateando fogo na região de vegetação, em região urbana”, aponta. Os suspeitos são de Caldas Novas, Mineiros e Itumbiara. Os nomes deles não foram revelados, por isso não foi possível localizar as defesas deles.

Questionado sobre o perfil daqueles que colocam fogo de maneira criminosa, por enquanto, Veloso contou que não é possível traçar perfis. “Mas, os que efetuamos as prisões, geralmente, são andarilhos, pessoas moradoras de rua, que ateiam fogo de forma deliberada, mas tem um caso, inclusive na região de Caiapônia, em que tivemos uma morte, que o indivíduo foi preso em flagrante pelo Batalhão Rural. Ele recebeu R$ 300 para atear fogo na vegetação de outro fazendeiro, possivelmente por desafeto de alguém”, comentou.

Fonte: G1

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