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Cerca de 10% a 15% das pessoas acima de 40 anos apresentam problemas na tireóide

As estatísticas sobre doenças da tireóide indicam que uma porcentagem significativa da população brasileira é afetada por problemas na glândula, com destaque para o hipotireoidismo, hipertireoidismo e nódulos. Aproximadamente de 10% a 15% das pessoas acima de 40 anos apresentam problemas na tireóide. E o fato grave: mais de 60% das pessoas com doenças da tireóide desconhecem o problema. 

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que haverá 16.660 novos casos de câncer de tireóide no Brasil por ano, sendo que a maioria será diagnosticada em mulheres, público mais atingido. Elas são as mais afetadas pelas doenças da tireóide, especialmente o hipotireoidismo.  

A médica endocrinologista Sandra Teixeira, do Hospital Unique, destaca que os distúrbios de tireóide, principalmente aqueles de origem autoimune, como por exemplo a tireóide de Hashimoto e a doença de Graves, são bem mais frequentes nas mulheres. E os hormônios, em grande parte, são os responsáveis por este fato.

“Isso se deve em grande parte à influência dos hormônios femininos e também porque a prevalência de autoimunidade é maior no sexo feminino. Os estrogênios, que é um hormônio feminino, modula o sistema imunológico e favorece esses desequilíbrios que podem fazer com que o corpo da mulher ataque a própria tireóide. Tem ainda aqueles períodos – como gravidez, pós-parto e menopausa –, que são de grande oscilação hormonal e eles podem desencadear ou até agravar as doenças tiroidianas”.

A Doença de Graves, causa mais comum de hipertireoidismo, afeta cerca de 70% das pessoas com tireóide hiperativa.  As estimativas indicam que até 50% da população brasileira tem nódulos tireoidianos detectáveis por ultrassonografia, em algum momento da vida, sendo que a maioria é benigno. A prevalência do hipotireoidismo no Brasil é de aproximadamente 7,4%.

Hormônios e suas funções

A tireóide ou tiróide é uma glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão, popularmente, gogó. É responsável por produzir hormônios que regulam o metabolismo, o crescimento e desenvolvimento, além de influenciar o humor, a memória e a fertilidade. 

Os hormônios produzidos pela tireóide – T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) – agem na função de órgãos vitais como coração, cérebro, fígado e rins. Interferem, também, no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional, garantindo o equilíbrio do organismo.

Quando a tireóide não está funcionando adequadamente pode liberar hormônios em excesso, o hipertireoidismo; ou em quantidade insuficiente, o hipotireoidismo. No hipertireoidismo o corpo começa a funcionar rápido demais: o coração dispara, o intestino solta, a pessoa fica agitada, fala demais, gesticula muito, dorme pouco, sentindo-se com muita energia, mas também muito cansada.

Se a produção de hormônio é insuficiente, provoca o hipotireoidismo. O organismo começa a funcionar mais lentamente: o coração bate mais devagar, o intestino prende e o crescimento pode ficar comprometido. Ocorrem, também, diminuição da capacidade de memória, cansaço excessivo, dores musculares e articulares, sonolência, pele seca, ganho de peso, aumento nos níveis de colesterol no sangue e, ainda, depressão.

Tanto no hipotiroidismo como no hipertireoidismo, pode ocorrer o aumento no volume da tireóide, chamado bócio, que pode ser detectado no exame físico. Problemas na tireóide podem aparecer em qualquer fase da vida, do recém-nascido ao idoso, em homens e em mulheres.

Prevenção e diagnóstico

A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para o tratamento eficaz das doenças da tireóide. O autoexame e a consulta regular com um médico são importantes para identificar possíveis problemas. Às vezes, especialistas de outras áreas que não são da endocrinologia, podem identificar problemas na tireóide.

“A tireóide é uma glândula que interfere diretamente em vários sistemas do nosso corpo e sinais dessas alterações podem aparecer inicialmente em consultas com outras especialidades. Por exemplo, é comum ginecologistas solicitar exames da tireóide em casos, por exemplo, de menstruação irregular, dificuldade para engravidar ou, então, em sintomas de menopausa”, explica a endocrinologista.

A médica informa ainda que os dermatologistas normalmente suspeitam de disfunção tiroidiana em situações como queda de cabelo ou alterações na unha e na pele. Já os psiquiatras e os clínicos também podem identificar sinais como alterações de humor, cansaço excessivo, ansiedade. 

“Mas, no entanto, é o endocrinologista que é o especialista capacitado para confirmar o diagnóstico dessa disfunção hormonal tireoidiana e conduzir o tratamento adequado”, esclarece Sandra Teixeira. 

A boa notícia é que a maioria das doenças de tiroides tem tratamento eficaz. No caso do hipotiroidismo, é feito por meio da reposição de hormônio não produzido pela tireóide; e no hipertireoidismo, com uso de medicamentos para controlar o excesso de produção hormônio e a iodoterapia com iodo radioativo são mais frequentemente utilizadas. Já a cirurgia é necessária em casos bem menos frequentes. 

“Outras doenças, como doenças inflamatórias, nódulos de tiroides, câncer, também tem seu tratamento, que é específico, que as condutas vão variar, até de observação clínica, apenas, até procedimentos mais intervencionistas. O importante é que o diagnóstico dessas doenças tireoidianas seja precoce, o acompanhamento deve ser contínuo para garantir a qualidade de vida do paciente”, destaca.

Doenças da tireóide

Bócio, popularmente conhecido como papo, é o nome que se dá ao aumento da glândula tireóide, que pode ser causado por várias condições, incluindo carência de iodo na dieta, hipotiroidismo, hipertireoidismo, tumores e infecções. Esse crescimento anormal pode tomar a glândula toda e tornar-se visível na frente do pescoço; ou, então, surgir sob a forma de um ou mais nódulos (bócio nodular), que podem não ser perceptíveis externamente.

Hipotireoidismo é causado pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos, o que pode levar a sintomas como fadiga, ganho de peso e depressão. Já o Hipertireoidismo é caracterizado pela produção excessiva de hormônios tireoidianos, resultando em sintomas como perda de peso, ansiedade, insônia e taquicardia. 

Hipotireoidismo Congênito é um problema hereditário que impossibilita o organismo de produzir o hormônio tireoidiano T4, impedindo o crescimento e o desenvolvimento do recém-nascido. A doença é diagnosticada por meio do Teste do Pezinho e curável com a administração de hormônio tireoidiano, sob rigoroso controle médico. Sem diagnóstico e sem tratamento, é a causa mais comum de retardo do desenvolvimento mental, acometendo um a cada 4 mil recém-nascidos. O tratamento precoce evita retardo mental e físico irreversível.

As Tireoidites são um conjunto de doenças inflamatórias que afetam a glândula tireóide. Em alguns casos, o paciente sente dores, mas em outros, apresenta os sintomas básicos do hipertireoidismo ou do hipotireoidismo. Existe também a Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que ataca a tireóide, podendo causar hipotireoidismo. 

Doença de Graves é também uma doença autoimune que provoca um tipo de hipertireoidismo em que, além das manifestações mais comuns, apresenta como sintoma a irritação nos olhos e pálpebras. Tem ainda o Câncer de Tireóide, que representa cerca de 1% de todos os cânceres malignos e tem uma incidência crescente, embora a mortalidade permaneça baixa.

Data mundial

O Dia Internacional da Tireóide, ou Dia Mundial da Tireóide, é comemorado a cada ano em 25 de maio. A data visa promover o conhecimento sobre a tireóide, seus problemas e a importância de procurar ajuda médica em caso de suspeita de doença. 

Em 2008, a Federação Internacional de Tireóide estabeleceu e lançou essa data comemorativa de conscientização, que chama a atenção para a importância da glândula tireóide e as diversas doenças que podem afetá-la, que são bastante comuns e podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos. 

Fonte: Palavra Comunicação

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