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Membrana amniótica poderá ser usada no tratamento de queimaduras no SUS

Conitec aprovou por unanimidade o uso da tecnologia como alternativa a curativos tradicionais

A membrana amniótica, a camada fina que envolve o feto durante a gravidez, foi aprovada por unanimidade como curativo biológico para o tratamento de queimaduras no SUS(Sistema Único de Saúde). A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) aprovou a tecnologia em 9 de maio.

A decisão, que era uma demanda antiga da comunidade médica, representa um avanço na medicina regenerativa e no tratamento de queimaduras. Ela permite a substituição dos curativos convencionais pelo material colhido após o parto por cesariana —que normalmente seria descartado. A doação deve ser autorizada pela mãe.

O tratamento, que é utilizado em países da Europa, América do Norte e América Latina, já foi usado no SUS de maneira emergencial para tratar as vítimas da tragédia da Boate Kiss, em 2013. Na ocasião, membranas amnióticas de diversos países foram doadas aos pacientes da Santa Casa de Porto Alegre.

Desde a tragédia, teve início um movimento para regulamentar o uso, em um cenário em que mais de 150 mil pessoas são internadas ao ano vítimas de queimaduras no Brasil. Desse total, 30% são crianças. A Associação Brasileira de Queimaduras retomou a força da negociação em 2021, quando apresentou estudos e conseguiu a aprovação para tratamentos clínicos pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

A aprovação pela Conitec, com unanimidade, representa um grande avanço, segundo a ABQ. “A Conitec aprovou sem contestação. O próximo passo é regularizar o processo, definir os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas”, diz José Adorno, cirurgião plástico e membro da ABQ.

“A membrana amniótica tem propriedades de cicatrização, de diminuição da dor, de regeneração e de proteção, já que protege a criança no útero”, afirma o cirurgião. Além disso, tem custo zerado, em comparação aos curativos sintéticos, que podem demandar até R$ 50 mil para um único tratamento.

No Brasil, outra técnica biológica já utilizada no tratamento de queimaduras é a com pele de cadáver, removida de doadores de órgãos logo após a morte. Ela é processada e armazenada em bancos de pele, para posterior utilização em pacientes queimados.

A existência da rede de doações de pele é uma vantagem para a inclusão do tratamento no SUS, diz Adorno. “A técnica vai ser incluída no Serviço Nacional de Transplantes (SNT) e pode usar a mesma estrutura dos bancos de pele. Quando há uma emergência, os órgãos são transportados pela rede aérea para a localidade necessitada”.

Outra vantagem é que a membrana amniótica é um material analisado ainda no pré-natal. No nascimento, as condições de doação já são conhecidas. “Além disso, é um produto que vem de uma vida, de um bebê que nasceu. Já vem com essa alegria”, adiciona o cirurgião.

Fonte: Folha de São Paulo

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