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Dados genéricos dificultam inclusão de PCDs no mercado de trabalho e a ascensão a cargos de liderança

João Vitor de Paiva, influenciador com síndrome de Down, alerta que sem dados mais precisos, pessoas com deficiência continuarão invisíveis

No mês do trabalhador, o influenciador e palestrante João Vitor de Paiva faz um alerta importante: as pessoas com deficiência (PCDs) ainda enfrentam muitos obstáculos para serem incluídas de verdade no mercado de trabalho. Um deles é a falta de dados detalhados sobre os diferentes tipos de deficiência.

Atualmente, os números oficiais separam as deficiências apenas em grupos amplos, como física, visual, auditiva, intelectual e múltipla. Isso deixa de fora informações sobre quem tem, por exemplo, síndrome de Down, autismo ou paralisia cerebral. “Cada pessoa com deficiência é única. Sem dados mais específicos, as nossas necessidades não aparecem e a gente continua em segundo plano”, afirma João Vitor.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o Brasil tem cerca de 7,5 milhões de pessoas com deficiência em idade para trabalhar, mas só pouco mais de 545 mil estão em empregos formais. E mesmo entre esses, não se sabe quais deficiências cada pessoa tem.

João Vitor destaca que essa falta de informação atrapalha a criação de políticas públicas que funcionem de verdade. “Sem entender nossas particularidades, as ações acabam sendo muito gerais e não atendem bem ninguém”, explica.

Baixa presença em cargos de liderança

Outro problema é a baixa presença de PcDs em cargos de liderança. Uma pesquisa mostra que 84% destas pessoas não estão em posições como supervisores, gerentes ou diretores. Além disso, 63% nunca foram promovidos, mesmo após anos na mesma empresa. Para João Vitor, ainda existe muito preconceito. “Acham que estamos ali só para cumprir cota, mas temos capacidade e ideias para somar. Só falta oportunidade”.

O estudo também revelou que oito em cada dez pessoas com deficiência já se sentiram prejudicadas no trabalho por conta da sua condição. E o mesmo número avalia que as empresas ainda não estão preparadas para recebê-las. “A acessibilidade não é só uma rampa ou um elevador. É criar condições para a gente crescer e se sentir valorizado. O problema não é falta de talento, é falta de preparo das empresas”, destaca João Vitor.

Ainda segundo a pesquisa, 71% dos entrevistados gostariam de trabalhar no modelo remoto ou híbrido. Muitos se sentem mais à vontade em casa, onde já têm estrutura adequada, diferente de muitas empresas que não oferecem nem o básico.

Sobre João Vitor de Paiva

Palestrante, influenciador e defensor da inclusão, João Vitor utiliza suas redes sociais e eventos para conscientizar empresas, instituições públicas e a sociedade sobre o potencial e os direitos das pessoas com deficiência. Com uma comunicação leve e firme, ele se tornou referência na luta pela visibilidade das PcDs no mercado de trabalho. Em 2024, foi o vencedor do Prêmio Ibest 2024 na categoria Diversidade e Inclusão.

Fonte: Palavra Comunicação

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