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Desafios da amamentação prolongada demandam paciência e, se preciso for, ajuda médica

Com a chegada dos dentinhos, aleitamento exige cuidados específicos para manter a saúde da mãe e do bebê

Olívia tem quase dois anos e ainda mama. Ela adora, relaxa, dorme. É um momento único entre mãe e filha e espero que assim seja por um tempo ainda. Nunca tive problemas graves durante a amamentação nos primeiros meses, só as dores normais, vermelhidão e algumas fissuras. Mas em dado momento, os dentinhos dela começaram a incomodar.

Quando os primeiros apareceram, eu fiquei preocupada com possíveis mordidas durante as mamadas. A boa notícia é que, com paciência, dá para ensinar o bebê a não morder. Quando ela o faz, paro de amamentar e explico calmamente que isso machuca. Aos poucos, Olívia entendeu.

Muita gente me pergunta por que mantenho a amamentação dela mesmo nessa idade. O leite materno continua sendo uma fonte de nutrição importante e ainda ajuda a fortalecer o vínculo entre nós. A OMS (Organização Mundial da Saúde) apoia e recomenda até os dois anos ou mais. Para mim, faz sentido continuar enquanto isso for confortável para nós duas.

Segundo a ginecologista e obstetra Carolina Curci, manter as mamas saudáveis e sem dor requer alguns cuidados específicos. Para tratar fissuras, recomenda-se o uso de pomada de lanolina pura, que ajuda na cicatrização, seja nos primeiros meses ou até mais tarde. Mas a higiene, ela diz, é a primeira coisa a se considerar.

“A mãe não deve deixar a criança ficar brincando no bico para, de repente, [a criança] massagear o dentinho e machucar. Vai doer. Se a criança morder a mama, a mãe deve lavar com sabão, passar um cicatrizante também, como lanolina.”

Caso seja necessário aplicar compressas, elas devem ser sempre frias, evitando o uso das mornas ou quentes, pois o calor pode estimular a produção de leite, intensificando o desconforto, afirma a médica.

Em casos de suspeita de mastite, é fundamental realizar uma avaliação médica para obter o diagnóstico correto e, se necessário, iniciar o tratamento com anti-inflamatórios ou antibióticos, sempre com orientação de um médico, explica Carolina.

A higiene do bebê também deve ser feita. Com os dentinhos nascendo, eu os limpo com uma gaze úmida depois das mamadas ou refeições para evitar problemas como cáries. Aprendi que manter essa higiene é essencial, mesmo antes de começarmos a escovar com pasta (sem flúor).

E roupas confortáveis também são fundamentais para criar um ambiente favorável à alimentação do bebê, de acordo com a ginecologista e obstetra Juliana Ottolia.

Veja abaixo dicas dela e da médica Carolina Curci.

Erros na amamentação que você pode evitar

  1. Pega correta pega errada pode causar dores e estresse. Garanta que o bebê abocanhe a aréola, com lábios virados para fora (como um peixinho) e queixo no peito
  2. Posição idealEncontre uma posição confortável para você e o bebê, mantendo barriga com barriga e sem curvar suas costas
  3. Hidratação seguraUse leite materno ou lanolina para hidratar os seios. Evite receitas caseiras como limão ou óleo de amêndoas
  4. Evite álcool e nicotinaEsses hábitos podem alterar o leite, prejudicar a produção e trazer riscos ao bebê
  5. Roupas apertadasSutiãs apertados dificultam o fluxo de leite. Prefira alternativas que tragam conforto sem comprimir

O incômodo de amamentar, geralmente, aparece nas primeiras semanas do bebê, quando ainda estamos nos adaptando àquele novo ritmo. A dor na mama, o inchaço e, em alguns casos, a febre, podem tornar o processo bastante difícil para a maioria das mães.

Para aquelas que conseguem, sigam firme. Esvaziar a mama com frequência, aplicar compressas e massagear a área são algumas maneiras de aliviar o desconforto. Mas se a dor ou mamas incharem, a mulher não deve hesitar em procurar um médico.

Amamentar é um processo cheio de descobertas e desafios, mas vale a pena cada esforço. Com o tempo, encontrei um ritmo que funcionava para nós e seguimos assim, construindo nossa conexão dia após dia.

Fonte: Folha de São Paulo

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