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Colesterol descontrolado pode aumentar o risco de demência em 60%

Pesquisa australiana revela que flutuações no colesterol ao longo do tempo podem ser um indicador precoce de problemas cognitivos em idosos

Ter variações altas das taxas de colesterol na terceira idade pode representar um risco 60% maior de desenvolver demência em comparação com pessoas que têm níveis mais estáveis. O índice foi apontado por uma pesquisa publicada nessa quarta-feira (29/1) na revista científica Neurology.

A investigação foi feita por neurologistas da Universidade Monash, na Austrália, com quase 10 mil idosos. Segundo o estudo, ter taxas de colesterol estáveis, mesmo que tendendo para o alto, não aumenta tanto o risco de declínio cognitivo quanto viver com variações nos níveis na terceira idade.

O que mostra o estudo

  • Durante o tempo de análise, 509 (5,1%) voluntários sofreram demência.
  • No grupo de 20% dos participantes que teve maiores flutuações de colesterol ao longo dos cinco anos de estudo, para mais ou para menos, foram 147 diagnósticos de demência, aproximadamente 6,1%.
  • A taxa de diagnósticos de declínio cognitivo no grupo com maior flutuação de colesterol foi de 11,3 casos por mil pessoas ao ano.
  • No grupo de 20% dos participantes com menor variação, a taxa foi de 7,1 por mil pessoas/ano.

Como foi feito o estudo?

O estudo não estabelece uma relação causal, explicando os motivos que levam aos dados encontrados, apenas analisou o perfil de 9.846 indivíduos com média de 74 anos, inicialmente sem problemas de memória, para avaliar possíveis relações do colesterol com a demência.

Os participantes tiveram os níveis de colesterol medidos no início do estudo e em três visitas anuais subsequentes. Durante o período de acompanhamento, os voluntários realizaram testes de memória anualmente. Aqueles que já utilizavam medicamentos para controle das taxas, como estatinas, foram incluídos, desde que não alterassem o tratamento durante o estudo.

Flutuações no colesterol como biomarcador da demência

Os participantes foram divididos em quatro grupos com base na variação do colesterol. Após ajustes para fatores como idade, tabagismo e pressão arterial, os pesquisadores descobriram que aqueles com situações de saúde semelhante e que tinham maior variação no colesterol tinham 60% mais chances de desenvolver demência em comparação com o grupo de menor variação.

A pesquisa sugere que a estabilidade nos níveis de colesterol pode ser tão importante quanto os valores absolutos.

Além disso, flutuações no LDL, conhecido como colesterol “ruim”, também foram associadas a um maior risco de comprometimento cognitivo leve, incluindo perda de memória que, no entanto, não atende aos critérios para demência. Não houve associação significativa da demência com o HDL, considerado “bom”, ou com triglicerídeos.

A médica Zhen Zhou, principal autora do estudo, destacou que a variabilidade do colesterol pode servir como um novo biomarcador para identificar idosos em risco de demência. “O monitoramento regular pode ajudar a detectar precocemente aqueles que podem se beneficiar de intervenções, como mudanças no estilo de vida ou uso de estatinas, para reduzir o risco de declínio cognitivo”, afirmou Zhou.

Participantes que iniciaram ou interromperam o uso de medicamentos para colesterol foram excluídos dos comparativos finais para não comprometer os dados, mas não houve avaliações sobre voluntários que já faziam uso do remédio e tiveram alterações em suas dosagens que poderiam alterar os resultados das flutuações. Apesar disso, os resultados reforçam a importância do acompanhamento contínuo da saúde cardiovascular como parte das estratégias para preservar a função cognitiva em idosos.

Fonte: Metrópoles

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