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Tecnologia permite que tetraplégico controle drone virtual com a mente

Pesquisa abre caminhos para aplicações diversas de interface cérebro-computador

Uma tecnologia de interface cérebro-computador (BCI) implantada cirurgicamente permitiu que um homem tetraplégico controlasse um drone virtual apenas pensando em mover os dedos, algo que ele não consegue fazer fisicamente. A tecnologia, que divide a mão em três partes virtuais (polegar, dedos indicador/médio e dedos anelar/mínimo), traduz os pensamentos do usuário em comandos precisos para o drone, permitindo que ele manobre por uma pista de obstáculos virtual.

Esse avanço não só abre portas para atividades recreativas, como jogos, mas também demonstra o potencial para trabalho remoto e outras aplicações práticas. O estudo foi publicado na revista Nature Medicine.

“Esse nível de funcionalidade supera qualquer coisa já alcançada com base no movimento dos dedos”, afirmou Matthew Willsey, professor assistente de neurocirurgia e engenharia biomédica da Universidade de Michigan, Estados Unidos, que liderou a pesquisa (iniciada quando ele estava na Universidade de Standford, também nos EUA). No vídeo publicado no YouTube, vemos como o homem tetraplégico controlou o drone virtual usando os sinais de pensamento e se baseando também nos movimentos de uma mão virtual:

Tecnologia permite leitura mais precisa

Diferente de abordagens não invasivas, como a eletroencefalografia (EEG), que capta sinais da superfície do couro cabeludo, essa BCI requer a implantação de eletrodos diretamente no córtex motor do cérebro. Esta é a região cerebral responsável pelo planejamento, controle e execução de atividades motoras voluntárias.

Isso permite uma leitura mais precisa dos neurônios associados ao controle dos dedos, resultando em um desempenho seis vezes melhor em comparação com métodos baseados em EEG. Os eletrodos são conectados a um pedestal no crânio, que se projeta através da pele e se liga a um computador para processar os sinais.

O estudo faz parte dos ensaios clínicos BrainGate2, que exploram como sinais neurais combinados com aprendizado de máquina podem oferecer novas formas de controle de dispositivos para pessoas com lesões ou doenças neurológicas. O participante, que sofreu uma lesão na medula espinhal que o deixou tetraplégico, começou a colaborar com a equipe de Stanford em 2016. Ele tinha um interesse particular em voar, o que tornou a simulação do drone uma escolha significativa.

Indo além das necessidades básicas

Os cientistas afirmam que o objetivo final é a restauração do movimento de todo o corpo. Eles dizem que a pesquisa vai além das necessidades básicas. “As pessoas tendem a focar em funções essenciais, como comer, se vestir ou se locomover, mas aspectos como recreação e conexão social são igualmente importantes”, afirmou Jaimie Henderson, professora de neurocirurgia de Stanford e coautora do estudo.

A pesquisa também sugere que, no futuro, essa tecnologia poderá ser usada para operar softwares complexos, como programas de design (CAD), ou até mesmo para compor músicas. “Controlar múltiplos dedos virtuais com o cérebro abre possibilidades para esquemas de controle multifatorial em diversas áreas”, concluiu Henderson.

Fonte: Olhar Digital

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