Excesso de dívida pública pode abalar mercados em 2025, diz BIS
Dirigente da instituição alerta que instabilidade no mercado de títulos pode se espalhar para outros ativos
A ameaça de que o aumento da oferta de dívida pública desestabilize os mercados financeiros se intensificou, disse o principal órgão consultivo dos bancos centrais do mundo nesta terça-feira (10), ao pedir que as autoridades ajam rapidamente para evitar danos econômicos.
Claudio Borio, chefe do departamento monetário e econômico do BIS (Banco de Compensações Internacionais), afirmou que a instituição está em alerta para um excesso de dívida governamental, causando rupturas no mercado de títulos que poderiam se espalhar para outros ativos.
E, embora os mercados ainda não tenham sofrido os chamados ataques de “vigilantes de títulos”, em que os investidores em dívidas aumentam drasticamente os custos dos empréstimos para forçar os países a se afastarem da negligência fiscal, as autoridades não devem esperar que isso aconteça, disse ele.
“Os mercados financeiros estão começando a perceber que terão de absorver esses volumes crescentes de dívida pública”, avaliou ao comentar o último relatório trimestral do BIS no ano.
“Leva tempo para que as autoridades ajustem suas políticas e, se eles esperarem que os mercados acordem, será tarde demais.”
Os grandes déficits orçamentários sugerem que a dívida soberana dos países pode aumentar em um terço até 2028, chegando a US$ 130 trilhões (R$ 787,16 trilhões), de acordo com o grupo IIF (Instituto de Finanças Internacionais).
Em outra parte de seu relatório, o BIS observou o aumento da incerteza sobre onde as taxas de juros globais se estabelecerão à medida que os principais bancos centrais iniciam cortes, mas a economia global permanece resiliente, impulsionada pelo forte crescimento dos Estados Unidos.
O BIS observou que a maior volatilidade nos mercados de câmbio reduziu o incentivo para que os operadores reconstruam suas posições após uma forte redução em agosto das chamadas “carry trades”, o que provocou rupturas nos mercados mundiais.
Fonte: Folha de São Paulo