Chuva que levou ás enchentes no Rio Grande do sul superou 1000mm
Números finais da precipitação do final de abril e o mês de maio mostram cenário de chuva jamais visto desde o começo dos registros
Os volumes de chuva registrados no Rio Grande do Sul no fim de abril e no mês de maio de 2024 foram extraordinariamente altos e sem precedentes em muitas cidades, especialmente do Centro do estado, os vales, parte da Serra, Porto Alegre e região metropolitana.
Em Santa Maria, no Centro do estado, a precipitação acumulada entre o dia 27 de abril, quando se iniciou o período de forte instabilidade e 31 de maio, somou 782,3 mm. Em maio, o acumulado foi de 617,1 mm.
A cidade de Santa Maria tem média histórica de chuva, pela série 1991-2020, de 136,6 mm para o mês de maio e 1.777,9 mm para o ano inteiro. A estação do Instituto Nacional de Meteorologia registrou na localidade alturas diárias (acumulados de chuva em 24 horas até às 9h da manhã) de 134,6 mm em 30/4; 213,6 mm em 1º/5 (recorde); e 122,5 mm no dia 2/5.
Ainda na região central do Rio Grande do Sul, a estação automática de Tupanciretã teve 592,0 mm entre os dias 27 de abril e 31 de maio. Já o acumulado no mês de maio, considerando as alturas diárias até 9h da manhã, foi de 481,2 mm.
Já São Vicente do Sul, também na região central, onde a chuva é relevante para a bacia do Ibicuí e por efeito para o Rio Uruguai de Itaqui para o Sul, anotou precipitação entre 27 de abril e 31 de maio em sua estação automática de 514,8 mm. O acumulado do mês de maio, a partir dos dados de chuva em 24 horas entre 1º de maio e 31 de maio, alcançou 396,4 mm.
Em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, o acumulado na estação convencional entre 27 de abril e 31 de maio foi de 1.023,00 mm. Somente em maio a chuva somou 845,3 mm. A média histórica de chuva de maio no município é de 131,4 mm. O dado é relevante para se compreender a magnitude recorde das cheias dos Rios Taquari e Caí que passam pela Serra.
A estação oficial de Caxias do Sul coletou alturas diárias enormes no fim de abril e no começo de maio com registros de precipitação em 24 horas de 132,8 em 30/4; 148,1 mm em 1º/5; e 192,4 mm em 2/5.
Já em Bento Gonçalves, estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia indicou 961,0 mm entre os dias 27 de abril e 31 de maio. O acumulado no mês de maio foi de 763,0 mm.
Ainda na Serra, a estação meteorológica automática de Canela anotou 967,4 mm entre 27 de abril e 31 de maio, sendo que apenas no mês de maio a precipitação na localidade serrana alcançou 767,2 mm. Considerando a bacia, o volume explica a cheia histórica do Rio Paranhana e por efeito do Rio dos Sinos.
Nos Campos de Cima da Serra, a estação meteorológica automática de Cambará do Sul somou 748 mm entre 27 de abril e 31 de maio. No mês de maio, o acumulado foi de 650,6 mm. Uma vez que a nascente do Rio Caí está na região, o acumulado excepcional explica a cheia história e extrema do rio.
Em Vacaria, também nos Campos de Cima da Serra, na macrorregião geográfica que tem as nascentes do Taquari-Antas e Caí, o acumulado de chuva entre 27 de abril e 31 de maio foi de 558,0 mm. O acumulado de precipitação no mês de maio somou na estação do município dos Campos de Cima da Serra o total de 481,2 mm.
Tramandaí, no Litoral Norte, somou entre os dias 27 de abril e 31 de maio volume de precipitação de 586,8 mm. O acumulado no mês no município costeiro foi de 488,0 mm. A região enfrentou alagamentos e inundações com danos principalmente em cidades localizadas junto à Serra do Mar. Em Palmares do Sul, o represamento das águas do Rio Palmares pela Lagoa dos Patos provocou três enchentes em 20 dias.
Na Grande Porto Alegre, Campo Bom somou 731,0 mm entre 27 de abril e 31 de maio, sendo 539,2 mm em maio. Trata-se da maior precipitação mensal observada desde o começo das medições em 1984, superando setembro de 2023 (455,8 mm), julho de 2015 (450,6 mm), agosto de 2013 (370,7 mm), setembro de 2009 (368,1 mm), setembro de 1998 (345,7 mm), novembro de 1986 (331,6 mm), outubro de 1997 (319,6 mm) e outubro de 1990 (310,1 mm).
Em Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo, a chuva acumulada entre 27 de abril e 31 de maio foi de 780,2 mm. O acumulado de maio foi de 585,8 mm. O dado é relevante porque o município de Rio Pardo está na parte intermediária da bacia do Rio Jacuí, que desagua em Porto Alegre e região.
Em Soledade, no Norte do Rio Grande do Sul, na região da nascente do Rio Jacuí, o acumulado de precipitação entre os dias 27 de abril e 31 de maio foi de 884,0 mm. A precipitação no mês de maio alcançou a marca de 773,8 mm.
Em Cruz Alta, igualmente na região da bacia do Alto Jacuí, o acumulado de chuva entre 27 de abril e 31 de maio foi de 447,0 mm, dos quais 425,6 mm correspondem ao mês de maio.
Fonte: METSUL Meteorologia